É a partir da organização popular e da criação de meios de geração de renda que será possível reerguer muitos que estão caídos e sem esperança.
O Lema da CF: “Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24c) é muito inspirador. Com ele tocamos a raiz de muitos males da humanidade: a idolatria do dinheiro. Certamente muitos se sentirão incomodados diante da abordagem da CF. Mas, no fundo, percebemos que é tempo de tocar, sim, nesse assunto tão polêmico e, na esteira da última Encíclica de Bento XVI – Caritas in Veritate - assumir a nossa identidade cristã, colocando Deus como Senhor de nossas vidas.
O que podemos ver em nossa sociedade é uma completa inversão de valores. Aquilo que deveria ser gerido para o cuidado com a sobrevivência das pessoas, principalmente dos mais simples e humildes, tornou-se objeto de especulação. Na economia de mercado, o dinheiro tornou-se fonte de dinheiro. Isso, até os mais simples repetem com frequência: “Ganha dinheiro quem tem dinheiro!” O capital virou instrumento de especulação. Usa-se o dinheiro ou títulos de empresas para especulação. Boatos de bom ou mau desempenho de setores do mercado são motivo para ganhar dinheiro. O resultado nós conhecemos bem: uma crise econômica que assolou o mundo em 2008 e 2009, tendo como consequência mais dura o sofrimento dos mais pobres, a acentuação da miséria.
No Brasil de hoje, faz-se necessário, pois, arregaçar as mangas para que o cuidado com os mais pobres seja realmente eficaz. Sem dúvida, nos últimos anos, houve uma diminuição das diferenças sociais no país e uma redução nos índices de miséria. Mas não podemos ficar por aí. Retomando mais uma vez a percepção e a sabedoria popular, podemos dizer que “é preciso dar o peixe, mas também ensinar a pescar”. Este ensinar, hoje, supõe o incentivo de práticas de economia solidária. É a partir da organização popular e da criação de meios de geração de renda que será possível reerguer muitos que estão caídos e sem esperança. Nossa gente é criativa e cheia de vida. Basta um empurrãozinho para acertar o caminho.
Nosso jornal tem assumido esse compromisso de encorajar e propor novas alternativas. Convidamos em especial os nossos leitores a lerem o livro de Murilo Carneiro: Economia Solidária, bem como a acompanhar nossos Cadernos de Cidadania. Neles, encontrarão dicas e partilhas de experiência muito interessantes e profundas. É a hora da solidariedade. É a hora de acreditar que uma outra economia e outro mundo são possíveis!
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