LISBOA, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).- O bispo auxiliar de Lisboa, Dom Carlos Azevedo, convidou os fiéis a não serem consumidores desenfreados.
O prelado, que é presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social do episcopado português, falou hoje em entrevista a Agência Ecclesia sobre a Semana Cáritas. Este evento celebra-se na semana que antecede o terceiro domingo da Quaresma e tem como tema “Erradicar a Pobreza. Radicar a Justiça”.
Questionado sobre alto índice de pobreza na União Europeia e o desemprego em Portugal, o bispo afirmou que “a conjectura internacional - mas também a uma opção econômica e o modelo de desenvolvimento - não tem em conta a disparidade de salários, não tem em conta que o emprego falha, não só pela mobilidade das empresas, mas também pelos recursos tecnológicos que vão dispensando pessoas”.
“O emprego vai ser escasso no futuro, por isso é preciso repensar a forma como a pessoa se relaciona com o seu trabalho e com a remuneração inerente”, disse.
Dom Carlos Azevedo indicou que o “equacionamento” entre a realidade e a forma como as pessoas estão habituadas a fazer a sua vida exige, “quer da parte dos que governam, como das empresas, mas também do país, tanto do ponto de vista econômico como político, uma regulação exigente do poder político sobre o poder econômico. Esta regulação tem sido inexistente e por isso se caiu nesta crise”.
“Também as pessoas necessitam reorientar as suas opções de vida – não optar pelo consumo desenfreado. Vive-se acima das possibilidades e isso tem de terminar.”
“Não se pode viver de empréstimos, porque quando falha o emprego, cai-se no desespero. O ‘primeiro gasto, depois pago’, o incitamento verdadeiramente diabólico ao consumo tem de ser repensado”, afirmou.
Ao comentar sobre o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, Dom Carlos Azevedo assinalou que a iniciativa é uma oportunidade para sensibilizar as pessoas.
“Depende depois de como cada um fica sensibilizado e altera os seus comportamentos, quer associativos quer pessoais.”
“O combate contra a pobreza e a exclusão social depende muito de comportamentos pessoais, na relação com o outro, mas também de empresas para que assumam com mais atenção a sua responsabilidade social.”
“Será nestes dois níveis que poderá advir fecundidade e realismo resultante das campanhas, que são positivas porque despertam as pessoas. O fato de estarmos a falar nisso é já uma consequência desta iniciativa internacional”, disse.
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