Fonte: CNBB
“A origem da palavra carnaval, mais aceita é a expressão latina “Carne levare”, ou seja, afastar a carne, do latim “Levare”, “tirar, sustar, afastar”. A manifestação de sobrevivência ao inverno através de comilanças era um último momento de consumo de carne e festejos profanos antes do período de abstinência e conversão da Quaresma. “A origem da palavra carnaval para alguns, vem da expressão latina “carne vale”(adeus carne) anunciando a entrada na abstinência quaresmal.
Em Roma havia uma festa, a Saturnália, na qual um carro no formato de navio abria o caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. A origem da palavra carnaval seria “carrum navalis”(carro naval) interpretação contestada. ( “Curiosidades católicas”, prof, Evaristo Eduardo de Miranda, Ed. Vozes, pg. 74 e 75).
A regra da abstinência está em recordar que não somos só estômago. Por isso, hoje não tem sentido só não comer carne, e substituir por um gostoso bacalhau ou um belo peixe assado. Onde está a abstinência e o valor da penitência, que seria de dominar o nosso apetite diante das comidas que mais gostamos? A penitência vale enquanto sou capaz de dominar os meus instintos diante das coisas gostosas e bonitas da vida. A Igreja atualmente pede abstinência de carne apenas dois dias durante o ano, na quarta feira de cinzas e na sexta feira santa.
O jejum e a abstinência, não é só uma prática quaresmal, inclusive hoje se tornou uma recomendação médica muito comum, para ter melhor qualidade de vida. Também é bom lembrar que não é o que entra no estômago, que mancha o homem e sim o que sai da boca. “Não entendeis que nada do que vem de fora e entra em uma pessoa pode torná-la impura, porque não entra em seu coração...Ele disse: O que sai do homem, isso é que o torna impuro.
Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultério, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo”(Mc 7,14-23).
O próprio Jesus nos deu o exemplo, jejuou durante quarenta dias e foi tentado (cf.Lc 4,1-13). O jejum, a penitência, a abstinência, que agrada ao Senhor está na prática da justiça, na economia solidária, na defesa dos direitos de todos, na busca do bem comum, na fraternidade de irmãos e filhos do único Deus, que se querem bem e se respeitem na diversidade de raças, credos e condição social. Essa é a proposta da Campanha da Fraternidade.
Assim nos recorda o profeta Isaias: “Buscam-me cada dia e desejam conhecer meus propósitos, como gente que pratica a justiça e não abandonou a lei de Deus....Porque não te regozijastes, quando jejuávamos, e o ignorastes, quando nos humilhávamos? É porque no dia do vosso jejum tratais de negócios e oprimis os vossos empregados. É porque, ao mesmo tempo que jejuais, fazei litígios e brigas e agressões impiedosas.
Não façais jejum com este espírito, se quereis que o vosso pedido seja ouvido no céu. Acaso é este jejum que aprecio....Acaso o jejum que aprecio não é outro: quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? ....Então, brilharás tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa”(Is 58,1-9).
A Palavra de Deus, nos alerta para um novo estilo de vida que vai além de práticas esporádicas, que de forma externa as praticamos, mas que o coração continua sempre o mesmo. Pode comer o que você quiser a hora que quiser, porque o que vai te salvar no fim da vida, será o amor concreto aos mais necessitados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário