Por Patricia Navas
O observador permanente da Santa Sé no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas interveio nesta reunião, realizada em Nova York, dedicada à promoção da integração social.
“Para promover o crescimento econômico e social, junto com o emprego, parece que os padrões de consumo devem centrar-se nos bens de relação e nos serviços que promovem uma maior conexão entre as pessoas”, afirmou.
“Ao investir em bens de relação, como assistência médica, educação, cultura, arte, esportes – coisas que desenvolvem a pessoa e requerem justamente a interação humana ao invés da produção da máquina –, o Estado, através da sua intervenção pública, abordaria o desenvolvimento em sua raiz, ao mesmo tempo em que promoveria o emprego e o desenvolvimento a longo prazo”, acrescentou.
O núncio destacou que “o desenvolvimento social e a integração não chegarão somente de soluções tecnológicas, já que se referem em primeiro lugar às relações humanas”.
Vida e família: fatores de desenvolvimento
E indicou uma implicação importante, ao dizer que “centrar-se nas relações humanas leva necessariamente a uma abertura à vida, que é uma contribuição positiva para o desenvolvimento social e econômico”.
Para a Santa Sé, “promover a vida e a família e encontrar caminhos para integrar a contribuição de todas as pessoas permitirá às sociedades alcançar seu pleno potencial e alcançar o desenvolvimento”.
O arcebispo também indicou uma relação direta entre família e desenvolvimento, ao explicar que “a família é o primeiro contexto no qual os filhos aprendem certas habilidades, atitudes e virtudes que os preparam para a força de trabalho e assim podem contribuir para o crescimento econômico e o desenvolvimento social”.
E destacou a necessidade de que “as políticas de promoção da família se baseiem não somente na redistribuição, mas sobretudo na justiça, na eficácia e em assumir responsabilidade para as necessidades econômicas e fiscais das famílias”.
Migração e integração
Neste ponto, referiu-se a um importante fator de integração nas sociedades atuais: a migração.
“Na promoção da integração social em nosso mundo de hoje, não podemos deixar passar a crescente atenção que a migração requer, em particular a migração irregular”, disse.
O arcebispo recordou que em países de intensa imigração, dão-se “intolerância e atritos mútuos entre cidadãos e recém-chegados”.
E indicou que isso exige uma maior atenção a dois aspectos chaves nos quais pode estar a solução para o problema: “a aceitação dos migrantes e o respeito à lei”.
Disse também que “a integração requer um longo tempo e normalmente se alcança em gerações posteriores”.
E destacou que esta integração “se baseia em uma visão ativa da cidadania nacional, nos mecanismos de interação que implicam no total respeito aos direitos fundamentais de todos – cidadãos e recém-chegados – e em uma cultura de justiça social”.
Organizações religiosas: promotoras de participação cidadã
Também indicou a importância das comunidades – por exemplo, religiosas – para alcançar a integração, já que incentivam a participação na sociedade.
“Nos programas de integração social, incluídos os esforços para reduzir a brecha em educação, atenção à saúde e cuidado, desempenham funções importantes a sociedade civil e as organizações religiosas”, assegurou.
E isso porque “ajudam a garantir a participação das comunidades locais e a promover a cooperação e participação de todas as pessoas”.
Justiça e promoção social
Em um sentido mais geral, Dom Migliore disse que a globalização nos torna mais vizinhos, mas não mais irmãos.
E indicou que a solução não se encontra somente na combinação de boas leis, medidas e incentivos sociais.
“Sempre é necessário progredir e levar em consideração o bem integral da pessoa humana em suas diversas dimensões, incluída a espiritual”, afirmou.
E advertiu que, “enquanto o sistema financeiro parece estar recuperando a estabilidade e o incremento da produção em alguns setores oferece sinais de recuperação econômica, ainda em muitos lugares o nível de desemprego continua piorando”.
Em meio à crise econômica, sublinhou, “as reflexões sobre a promoção social devem levar em consideração sua relação com a erradicação da pobreza e o pleno emprego, incluindo o trabalho digno para todos”.
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