CNBB prega agilidade em casos de pedofilia

Fonte: IHU -Instituto Humanitas Unisinos
Os bispos brasileiros deverão afastar imediatamente de suas funções os padres envolvidos em casos de pedofilia.

A reportagem é de Larissa Guimarães e Simone Iglesias e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 13-05-2010.

A orientação foi feita durante a 48ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que termina hoje, em Brasília.

Dois bispos confirmaram que o afastamento de padres de suas funções na paróquia deverá ser a principal medida recomendada pela CNBB.

A entidade confirmou que será elaborada uma espécie de cartilha com orientações gerais sobre como os bispos deverão proceder nesses casos.

"Às vezes, é [um processo] demorado. Agora, foi pedido aos bispos que as medidas sejam imediatas", declarou dom Benedito Beni dos Santos, bispo de Lorena (SP).

No caso do monsenhor Luiz Marques Barbosa, acusado de abusar sexualmente de crianças e adolescentes em Arapiraca (AL), ele só foi afastado das funções quatro meses depois de o bispo de Penedo, dom Valério Breda, ter tomado conhecimento do caso por intermédio das supostas vítimas.

O bispo de Ponta Grossa (PR), dom Sérgio Braschi, disse que a pedofilia foi um dos temas mais "delicados" discutidos durante a assembleia, que reuniu cerca de 300 bispos e outros religiosos.

Segundo dom Beni, a CNBB também recomendou aos bispos que colaborem com as investigações fora da igreja.

"[A orientação foi no sentido de que] todas as informações que a igreja tem sejam transmitidas. Não se deve ocultar nada", afirmou.

Indenizações

O religioso disse ainda que chegou a ser debatida a questão das possíveis indenizações a vítimas de abusos cometidos por membros da Igreja Católica. "Se houver indenização em dinheiro, o responsável deve ser o padre que cometeu o crime", declarou dom Beni.

O cardeal dom Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero do Vaticano, disse, após encontro ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a Igreja Católica está agindo em relação ao tema.
Segundo ele, a cartilha com orientações que será lançada pela CNBB poderá ajudar nesse sentido. "Ajudaria todos os bispos a ter um procedimento idêntico", afirmou.

De acordo com ele, os religiosos que cometeram esse crime devem ser julgados pelos tribunais comuns, e não apenas pela igreja. "É um problema gravíssimo, intolerável", disse.

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