Fonte: Comunidade Shalom
1. O empenho em anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo, animados pela esperança mas ao mesmo tempo torturados muitas vezes pelo medo e pela angústia, é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade dos cristãos, bem como a toda a humanidade.
É por isso que a tarefa de confirmar os irmãos, que nós recebemos do Senhor com o múnus de sucessor de Pedro (1) e que constitui para nós "cada dia um cuidado solícito" (2), um programa de vida e de atividade e um empenho fundamental do nosso pontificado, tal tarefa afigura-se-nos ainda mais nobre e necessária quando se trata de reconfortar os nossos irmãos na missão de evangelizadores, a fim de que, nestes tempos de incerteza e de desorientação, eles a desempenhem cada vez com mais amor, zelo e alegria.
Evocação de três acontecimentos
2. E é precisamente isso que nós intentamos fazer agora, no final deste Ano Santo, no decorrer do qual a Igreja, ao "procurar infatigavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens" (3), outra coisa não quis senão desempenhar-se do seu ofício de mensageira da Boa Nova de Jesus Cristo, proclamada em base a dois lemas fundamentais; "Revesti-vos do homem novo", (4) e "Reconciliai-vos com Deus".(5)
Queremos fazer isso, também, neste décimo aniversário de encerramento do Concílio Vaticano II, cujos objetivos se resumem, em última análise, num só intento: tornar a Igreja do século XX mais apta ainda para anunciar o Evangelho à humanidade do mesmo século XX.
Queremos fazer isso, ainda, um ano depois da terceira Assembléia Geral do Sínodo dos Bispos, dedicado, como é sabido, à evangelização; e fazemo-lo também porque isso nos foi demandado pelos próprios Padres sinodais. Efetivamente, ao concluir-se essa memorável Assembléia, eles decidiram confiar ao Pastor da Igreja universal, com grande confiança e simplicidade, o fruto de todo o seu labor, declarando que esperavam do Papa um impulso novo, capaz de suscitar, numa Igreja ainda mais arraigada na força e na potência imorredouras do Pentecostes, tempos novos de evangelização.(6)
Tema muitas vezes realçado no decorrer do nosso pontificado
Na linha do Sínodo de 1974
Tais perguntas, no fundo, exprimem o problema fundamental que a Igreja hoje põe a si mesma e que nós poderíamos equacionar assim: Após o Concílio e graças ao Concílio, que foi para ela uma hora de Deus nesta viragem da história, encontrar-se-á a Igreja mais apta para anunciar o Evangelho e para o inserir no coração dos homens, com convicção, liberdade de espírito e eficácia? Sim ou não?
Convite à reflexão
5. Todos nós vemos a urgência em dar a esta pergunta uma resposta leal, humilde, corajosa e, depois, de agir conseqüentemente.
Com o nosso "cuidado solícito de todas as Igrejas", (8) nós desejaríamos ajudar os nossos Irmãos e Filhos a responder a tais interpelações. Oxalá que as nossas palavras, que intentam ser uma reflexão sobre a evangelização, a partir das riquezas do Sínodo, possam levar à mesma reflexão todo o povo de Deus congregado na Igreja, e vir a ser um impulso novo para todos, especialmente para aqueles "que se afadigam na pregação e no ensino", (9) a fim de que cada um deles seja "um operário que distribui retamente a Palavra da verdade" (10) e realize obra de pregador do Evangelho e se desempenhe com perfeição do próprio ministério.
Pareceu-nos de capital importância uma Exortação deste gênero, porque a apresentação da mensagem evangélica não é para a Igreja uma contribuição facultativa: é um dever que lhe incumbe, por mandato do Senhor Jesus, a fim de que os homens possam acreditar e ser salvos. Sim, esta mensagem é necessária; ela é única e não poderia ser substituída. Assim, ela não admite indiferença nem sincretismo, nem acomodação, É a salvação dos homens que está em causa; é a beleza da Revelação que ela representa; depois, ela comporta uma sabedoria que não é deste mundo. Ela é capaz, por si mesma, de suscitar a fé, uma fé que se apóia na potência de Deus.(11) Enfim, ela é a Verdade. Por isso, bem merece que o apóstolo lhe consagre todo o seu tempo, todas as suas energias e lhe sacrifique, se for necessário, a sua própria vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário