Deniele Simões
O excesso de peso entre os adolescentes é
mais comum do que se pensa. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) revelam que 21,5% deles estão acima do peso e que
4,5% são obesos. O problema pode desencadear uma série de doenças.
Mas, o que pouca gente sabe é que uma
enzima, conhecida como A Lp-PLA2, apresenta maior incidência em
adolescentes obesos, apontando maior risco de doenças cardiovasculares
nesses jovens.
Recentemente, a doutora em Nutrição em
Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), Isis Tande da Silva,
e o grupo de pesquisa da professora Nágila Raquel Teixeira Damasceno,
da Faculdade de Saúde Pública da USP, promoveram uma avaliação
nutricional em adolescentes de 10 a 19 anos de cinco escolas públicas da
cidade de São Paulo (SP).
A pesquisa teve início com a avaliação
antropométrica de 2.746 jovens, mas o projeto final incluiu 242 deles.
Do universo entrevistado, a prevalência de sobrepeso e obesidade foi
semelhante aos dados do IBGE.
O estudo comprovou que a atividade dessa
enzima é maior em jovens obesos do que nos que apresentam peso normal.
“A Lp-PLA2 tem sido muito estudada atualmente. Sua relação com risco
cardiovascular foi identificada, pois indivíduos que sofrem eventos como
o infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) apresentam maior
concentração e atividade dessa enzima”, afirma Isis.
De acordo com a nutricionista, isso
significa que a enzima contribuiu ou participa de alguma forma do
processo de aterosclerose que ocasiona o evento cardiovascular.
O estudo também mostra que, além do
risco para doenças cardiovasculares, os adolescentes pesquisados que
apresentaram excesso de peso sofrem potencial risco de adquirir outras
enfermidades ligadas à obesidade, como problemas renais, articulares,
cálculos biliares, esteatose hepática, entre outras enfermidades.
Mudança de hábitos e conscientização
O levantamento também alerta para a
necessidade de se cultivar bons hábitos alimentares, assim como a
prática de atividades físicas para a prevenção de doenças
cardiovasculares.
No que diz respeito à alimentação, a
maior parte dos jovens entrevistados demonstrou não ingerir alimentos
saudáveis. “Esse foi um resultado muito alarmante”, pontua.
Segundo Isis, mesmo os adolescentes com
peso normal afirmaram consumir grande quantidade de gordura saturada
(carnes vermelhas, manteiga etc.), gordura vegetal hidrogenada (produtos
industrializados) e açúcares simples (doces, produtos preparados com
farinha trigo comum ou branca).
Já a ingestão de alimentos saudáveis,
como hortaliças, peixes, sementes (girassol, gergelim, castanhas, nozes
etc.) e cereais integrais (aveia, centeio, farinha de trigo integral,
etc.) foi pouco citada na pesquisa.
A motivação para a realização do estudo
foi o alto índice de prevalência de obesidade observado em adolescentes
no Brasil. “Sabendo que a obesidade é um dos principais fatores de risco
para doenças cardiovasculares, nós nos perguntamos se esses
adolescentes já apresentavam um risco maior que os outros”, explica.
Para a nutricionista, um dos objetivos
da pesquisa é sinalizar ao poder público e à população que a obesidade
crescente nos jovens está associada ao maior risco cardiovascular. “Isso
contribui para que esses jovens procurem orientação e para que os
profissionais os atendam tendo como meta a redução de risco e não
simplesmente a perda de peso corporal”, justifica.
Ela acredita que ações como orientação
nutricional, criação de hortas comunitárias e oficinas culinárias nas
escolas são uma importante alternativa para modificar os hábitos
alimentares ruins. “No entanto, o foco não deve ser apenas as crianças,
mas, principalmente, deve incluir os pais, visto que sem a modificação
do hábito familiar dificilmente a criança conseguirá isoladamente mudar
seus hábitos”, conclui.
Segundo IBGE, 21,5% dos jovens
brasileiros estão acima do peso e 4,5% são obesos. Atividade da enzima
Lp-PLA2 é mais presente nesses jovens e indica maior risco de doenças
cardiovasculares no futuro
Para Isis Tande, pesquisa deve
contribuir para que jovens obesos procurem orientação e profissionais da
saúde visem redução dos riscos e não apenas perda de peso
Dicas para prevenir a obesidade
O ganho de peso na infância está ligado a
fatores como hábitos alimentares errados, inclinação genética, estilo
de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência
familiar, entre outros.
Anote algumas dicas que vão ajudar a manter a saúde e o peso em ordem:
Alimentação
– Evite o consumo de alimentos
gordurosos, como sanduíches (hambúrguer, misto-quente, cheesburger etc),
batatas fritas e bifes passados na manteiga;
– Biscoitos recheados e refrigerantes também são prejudiciais.
Atividade física
– Evite ficar muito em frente ao
computador, televisão e videogame. A vida sedentária faz com que as
crianças e jovens não precisem se esforçar fisicamente.
– Pratique atividades físicas, como correr, jogar bola e brincar.
Ansiedade
– A ansiedade não é um mal exclusivo dos
adultos e afeta os jovens também. Fique atento, pois o problema pode
levar à fome compulsiva.
Depressão
– Pessoas com sintomas de depressão
sofrem alterações no apetite podendo emagrecer ou engordar. Segundo
estudos, quem está deprimido geralmente não pratica atividades físicas e
come mais doces.
Fatores hormonais
– A obesidade pode estar relacionada a
variações hormonais como: excesso de insulina; deficiência do hormônio
de crescimento; excesso de hidrocortizona, os estrógenos etc.
Fatores genéticos
– Algumas pesquisas já revelaram que, se
um dos pais é obeso, o filho tem 50% de chances de se tornar gordinho, e
se os dois pais estão acima do peso, o risco aumenta para 100%.
Fonte: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
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