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E essa pobreza com que Jesus nos liberta e nos enriquece, observa o
Santo Padre, é o seu “modo de nos amar, de estar perto de nós, como o
bom samaritano”. Mais ainda: “o que nos dá a verdadeira liberdade, a
verdadeira salvação e a verdadeira felicidade é o seu amor cheio de
compaixão, de ternura, que quer dividir tudo conosco”. Neste ponto,
Francisco destaca que “a pobreza de Cristo é a maior riqueza: a riqueza
de Jesus é a sua confiança ilimitada em Deus Pai”.
Depois de refletir sobre a pobreza de Jesus, Francisco convida a
pensar em nosso próprio caminho. “Em toda época e lugar, Deus continua
salvando os homens e o mundo mediante a pobreza de Cristo, que se faz
pobre nos Sacramentos, na Palavra e na Igreja, que é um povo de pobres”,
afirma o pontífice. Ele recorda que “os cristãos são chamados a olhar
para as misérias dos irmãos, tocá-las, cuidar delas e realizar obras
concretas para aliviá-las”. Francisco observa também que “a miséria é a
pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança”.
O papa sublinha três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual.
A miséria material, que costumamos chamar de pobreza, “atinge os que
vivem numa condição que não é digna da pessoa humana”. Diante dessa
miséria, “a Igreja oferece o seu serviço, a sua diaconia, para responder
às necessidades e curar essas feridas que desfiguram o rosto da
humanidade”. Por isso, “os nossos esforços se orientam a encontrar o
modo de acabar com as violações da dignidade humana no mundo, com as
discriminações e com os abusos”.
A miséria moral é aquela que nos “transforma em escravos do vício e
do pecado”. O papa fala das pessoas que “perderam o sentido da vida,
estão privadas de perspectivas para o futuro e perderam a esperança” E
faz referência ainda às “pessoas que se veem obrigadas a viver essa
miséria por causa de condições sociais injustas, por falta de trabalho, o
que as priva da dignidade de levar o pão para casa, por falta de
igualdade no direito à educação e à saúde”. Nesses casos, Francisco
afirma que a miséria moral bem poderia ser chamada de “suicídio
incipiente”.
Finalmente, ele fala da miséria espiritual, “que nos golpeia quando
nos afastamos de Deus e rejeitamos o seu amor”. O Santo Padre avisa que,
“se considerarmos que não precisamos de Deus, nos encaminharemos para a
estrada do fracasso”, porque “Deus é o único que salva e liberta
verdadeiramente”.
Recordando que o cristão é chamado a transmitir em todos os ambientes
o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, Francisco
afirma que “é bonito experimentar a alegria de estender esta boa nova,
de compartilhar o tesouro que nos foi confiado, para consolar os
corações aflitos e dar esperança a tantos irmãos e irmãs submersos no
vazio”.
Para encerrar, o pontífice nos lembra que a quaresma “é um tempo
adequado para se despojar. E nos fará bem perguntar-nos de que podemos
nos privar para ajudar e enriquecer os outros com a nossa pobreza”. Ele
enfatiza, por fim, que a “verdadeira pobreza dói”, avisando: “Desconfio
da esmola que não custa nem dói”.
Da Agência Zenit
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