Arcebispo da Argélia: “viver junto é uma vocação universal”

Intervém em convenção promovida pela Comunidade de Sant'Egídio

ROMA, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010 (ZENIT.org).– “Viver junto não é monopólio de ninguém, é uma vocação universal”. Foi o que afirmou Dom Ghaleb Moussa Abdalla Bader, arcebispo da Argélia, em uma convenção organizada pela Comunidade de Sant'Egídio em Roma, e que teve como tema “O futuro é a vida em conjunto – cristãos e muçulmanos do Oriente Médio em diálogo”.

“Após 14 séculos de convivência entre cristãos e muçulmanos, a vida em comum hoje se tornou um de nossos grandes desafios, não apenas no Oriente Médio, mas em todo o mundo”.

“Ainda assim, a presença dos cristãos na região demonstra que não há um conflito de religião”, observou o prelado segundo divulgou o "L'Osservatore Romano".

Na Argélia, explicou ele, “cristãos e muçulmanos construíram juntos seu país gozam ambos do pleno direito à cidadania”, enfatizando que não ocorrem problemas de integração.

As duas comunidades religiosas, disse o prelado, “encontraram um caminho comum”, “que passa pela aceitação recíproca das diferenças”.

A este propósito, mencionou a recente iniciativa da “Caravana da Esperança”, promovida por um grupo islâmico de inspiração sufi, no curso da qual foram lembrados os sete monges trapistas assassinados em Tiberine em março de 1996.

Esperança e confiança foram expressadas também pelo Custódio da Terra Santa, padre Pierbattista Pizzaballa, para o qual é “positivo que setores cada vez mais amplos da população muçulmana comecem, ainda que timidamente, a erguer sua voz contra o integralismo islâmico, inimigo do diálogo”.

“Estou convencido que não assistiremos a um desaparecimento dos cristãos na região – isto é um mito”, disse o padre Pizzaballa.

Os cristãos, lembrou ele, “deram enorme contribuição cultural à história do Oriente Médio”, uma contribuição que “não pode ser substituída”.

De fato, a comunidade cristã constitui um “elemento de dialética no interior do mundo árabe muçulmano, o qual, graças à presença cristã, é levado questionar-se e refletir, e este dinamismo é absolutamente positivo”.

Entretanto, a situação não é positiva em toda a região. Para Dom Louis Sako, arcebispo de Kirkuk dos Caldeus, no Iraque, o futuro dos cristãos é um assunto “inquietante”, e os fiéis se sentem “esquecidos pelo mundo ocidental laico”.

“Somos iraquianos, originários deste país” – declarou em uma entrevista à Rádio Vaticana. “Oferecemos tanto ao Islã, abrimos as portas de nossas escolas, nossos hospitais, nossas igrejas e monastérios. Pusemos à disposição nossa linguagem teológica, científica e filosófica. Mas agora estamos marginalizados, não sabemos como agir porque não há mais autoridade”.

“Estou muito triste e preocupado. Há um plano, principalmente em Mosul, de livrar a cidade dos cristãos”.

Durante a convenção desta segunda-feira, o presidente do Centro Nacional da Imprensa Católica da Argélia, Jean-Claude Petit, anunciou a instituição do primeiro Observatório sobre o pluralismo cultural e religioso do mediterrâneo, prevista para o início do outono europeu.

O objetivo da iniciativa é o de “sensibilizar a opinião pública europeia para os temas da região, e de informar, não apenas a comunidade cristã, mas também a muçulmana, sobre a realidade cristã vivida no Oriente Médio”.

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