Dom Alfredo Schaffler
Bispo de Parnaíba (PI)
Bispo de Parnaíba (PI)
Os noticiários mostram, diariamente, os
horrores e a gravidade da violência na sociedade contemporânea.
Violências de todo tipo, que têm como agentes os jovens, muitos deles
ainda adolescentes, que perdem o senso de responsabilidade, praticam
crimes, arquitetam esquemas de corrupção.
Esse quadro de horror precisa ser diariamente enfrentado à luz da fé e do compromisso cidadão de cada um.
Neste horizonte, é importante investir
na compreensão e na prática do princípio do bem comum, para despertar em
cada mente o gosto pela conduta zelosa, pela justiça e verdade.
É imprescindível ensinar, nas escolas e
famílias, nas igrejas e todas as instituições da sociedade, a respeito
da dignidade, unidade e igualdade de todas as pessoas.
Aí se inscreve o sentido do bem comum, com sua força para equilibrar todos os aspectos e relacionamentos na vida social.
Trata-se de uma aprendizagem permanente,
que requer o anúncio desses princípios, sua prática com força de
exemplaridade, a partir de gestos pequenos àqueles com propriedade para
determinar novos rumos.
Na verdade, é uma grande caminhada para recuperar a configuração perdida do sentido social, da fraternidade e solidariedade.
O bem comum não consiste apenas na soma dos bens particulares de cada sujeito, sublinha a Doutrina Social da Igreja Católica.
Ela diz que “sendo de todos e de cada
um, é e permanece comum, porque indivisível e porque somente juntos é
possível alcançá-lo, aumentá-lo e conservá-lo em vista do futuro”.
O agir social alcança sua plenitude
realizando o bem comum. Não se pode cansar na sua prática e no
testemunho de sua prioridade. Presente o sentido do bem comum,
imediatamente se vê a diferença qualitativa do agir em busca do bem de
todos.
Na contramão, está tudo aquilo que causa
prejuízo, desde um papel jogado displicentemente na rua até a montagem
ardilosa de esquemas de corrupção.
O bem comum é a consciência de que a
pessoa não pode encontrar plena realização somente em si mesma. Por
isso, a Doutrina Social da Igreja também afirma que, “nenhuma forma
expressiva de sociabilidade - da família ao grupo social intermédio, à
associação, à empresa de caráter econômico, à cidade, à região, ao
Estado, até a comunidade dos povos e nações - pode evitar a interrogação
sobre o bem comum, que é constitutivo do seu significado e autêntica
razão de ser da sua própria subsistência”.
Passo importante para cultivar um
autêntico sentido do bem comum é compreender que a paz é dom de Deus e
obra de cada pessoa, conforme sublinha o Papa Bento XVI na sua Mensagem
para o Dia Mundial da Paz deste ano.
Assim, não basta amedrontar-se diante da violência, mas crescer na consciência de ser um operário da paz.
Nesse sentido, o Papa observa que para
nos tornemos autênticos e fecundos obreiros da paz, são fundamentais à
atenção, à dimensão transcendente e ao diálogo constante com Deus.
Sem a dimensão transcendente e sem
referência a Deus, certamente, mais difícil, por vezes impossível, é
superar o egoísmo que adoece e nega a paz, tutela tipos de violência,
bem como a avidez e o desejo de poder e domínio, além das intolerâncias,
do ódio e das estruturas injustas que perpetuam abomináveis exclusões
sociais.
Trabalhar pela paz é um fecundo processo educativo para o sentido autêntico do bem comum.
Para vivenciar este processo, é
imprescindível uma grande abertura da mente e do coração para o Senhor
da Paz, Jesus Cristo, o Salvador do mundo.
Firme na fé e fiquem com Deus.
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