A
Igreja celebra no dia 16 de julho a memória de Nossa Senhora do Carmo,
devoção tão querida do povo católico em todo o mundo, juntamente com a
devoção do sagrado Escapulário.
É muito antiga e conhecida a ordem dos uma das mais antigas na
história da Igreja. Suas raízes veem do profeta Elias que viveu no monte
Carmelo na Terra Santa.
“O Carmo – disse o cardeal Piazza, carmelita – existe para Maria e
Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua
vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual.” Diz o
“Livro das instituições” dos primeiros monges: “Em lembrança da visão
que mostrou ao profeta a vinda desta Virgem sob a figura de uma pequena
nuvem que saía da terra e se dirigia para o Carmelo (cf. 1Rs 18,20-45)
os monges, no ano 93 da Encarnação do Filho de Deus, destruíram sua
antiga casa e construíram uma capela sobre o monte Carmelo, perto da
fonte de Elias em honra desta primeira Virgem voltada a Deus.
Na Bíblia aparece com destaque o Monte Carmelo, que separa a
Palestina da região de Tiro. Sua elevação e beleza é relatada no livro
do Cântico dos Cânticos: “Tua cabeça é como o Carmelo” (Cant. 7,5). Até
os pagãos veneravam este Monte, pois escritor romano Tácito diz que
havia ali um altar e Suetônio narra que o Imperador Romano Vespasiano aí
ofereceu um sacrifício. No tempo do profeta Elias foi o local de sua
vitória sobre os sacerdotes de Baal. Ali surgiu uma nuvem, sinal da
providencial chuva anunciada por Elias ao rei Acab (1Reis 18,44). Esta
nuvem foi interpretada como o prenúncio da chuva de graças que Maria
faria cair para os que a amam e veneram.
O Monte Carmelo foi morada e refúgio frequente do profeta Eliseu e
Nossa Senhora é o “Refúgio dos Pecadores”. Os discípulos dos referidos
profetas viveram nas fraldas deste Monte e foram, por assim dizer, os
antecessores dos carmelitas de todas as eras.
Na época das Cruzadas, na Idade Média, para lá se dirigiram muitos
cristãos e através de uma lenta formação deram origem à atual Ordem
carmelita fundada em 1180. Sob a invocação de Santo Elias lá se edificou
um Convento, depois transformado em Hospital. Quem viaja ao Oriente não
deixa de visitar o formoso mosteiro a quinhentos metros sobre o nível
do mar com uma belíssima Igreja. Debaixo do altar, há uma gruta chamada
de Elias onde se celebram Missas.
Os monges carmelitas foram expulsos pelos sarracenos mulçumanos no
século XIII; eles tinham recebido do patriarca de Jerusalém, santo
Alberto, então bispo de Vercelli, uma regra aprovada em 1226 pelo papa
Honório III; se voltaram, então, para o Ocidente e aí fundaram vários
mosteiros, superando várias dificuldades, nas quais porém, puderam
experimentar a proteção da Virgem. Segundo a tradição carmelita, foi a
16 de julho de 1251 que a Virgem Maria teria aparecido a Simão Stock em
Cambridge, na Inglaterra, lhe entregando o escapulário. Simão Stock era o
superior geral dos Carmelitas, de vida santa e grande atividade
apostólica.
Um acontecimento particular sensibilizou os devotos: “Os irmãos
suplicavam humildemente a Maria que os livrasse das insídias infernais. A
um deles, Simão Stock, enquanto assim rezava, a Mãe de Deus apareceu
acompanhada de uma multidão de anjos, segurando nas mãos o Escapulário
da ordem e lhe disse: “Eis o privilégio que dou a ti e a todos os filhos
do Carmelo: todo o que for revestido deste hábito será salvo.”
Há uma tradição antiga do chamado “privilégio sabatino” de que as
almas devotas do Escapulário, e que morrerem com ele, serão livres do
inferno e livres do purgatório no primeiro sábado após a morte. Alguns
papas recomendaram a devoção ao Escapulário. Numa bula de 11 de
fevereiro de 1950, Pio XII convida a “colocar em primeiro lugar, entre
as devoções marianas, o Escapulário que está ao alcance de todos”:
entendido como veste mariana, esse é de fato um ótimo símbolo da
proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das
orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam.
O Escapulário foi inicialmente uma vestimenta de trabalho dos monges
beneditinos e se tornou o símbolo dos frades. Com o surgimento das
Ordens Terceiras, ou seja, Ordens religiosas destinadas a leigos,
agregadas a uma grande ordem monástica, apareceram grandes e pequenos
escapulários como sinal de união àquele grupo religioso.
Através da devoção do Escapulário muitas
graças têm sido obtidas: há muitos testemunhos em todo o mundo de
pessoas salvas da morte, de doenças, de perigos; casas livres de
incêndio e assaltos, etc., os benefícios espirituais, a santificação dos
devotos, muitas conversões através dos tempos, mostram que Nossa
Senhora se serve deste sacramental para ajudar e salvar as almas.
É importante dizer que o Escapulário não pode ser usado apenas como
um objeto “mágico” ou como um “amuleto que dá sorte”, mas supõe sempre a
disposição do católico em cooperar com os auxílios da graça de Deus,
evitando o pecado e observando os Mandamentos.
Prof. Felipe Aquino
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