“Cuidai de vós mesmos e de todo o
rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos Constitui bispos, para
pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue.
Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis,
que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de
proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os
discípulos” (At 20,28-29).
Cristo escolheu seus Apóstolos pessoalmente, e com eles conviveu
durante cerca de três anos, formando-os para serem seus enviados (=
Apóstolos). Na última ceia, instituiu o sacerdócio da Nova Aliança.
Ordenou que os Apóstolos e os seus sucessores no sacerdócio renovassem
na Missa o sacrifício da cruz; e, com estas palavras: “Fazei isto em
minhas memória” (Lc 22,19), os instituiu sacerdotes do Novo Testamento.
No dia da Ressurreição, no domingo, a primeira coisa que Ele fez foi
conferir-lhes o poder de perdoar ou reter os pecados, dando-lhes o poder
que Ele próprio tinha de perdoar os pecados. Jesus acabara de morrer e
ressuscitar para vencer o pecado e a morte; Ele é o Cordeiro de Deus que
veio ao mundo para tirar o pecado do mundo; então, Ele está sedento de
distribuir esse perdão conquistado com a sua dolorosa Paixão. Agora o
faz por meio dos sacerdotes.
Como os Apóstolos sabiam que o sacerdócio deveria continuar na Igreja
depois deles morrerem, depois de evangelizar uma cidade e antes de
deixa-la, impunham as mãos a outros, comunicando-lhes o sacerdócio. Por
exemplo, São Paulo diz a Timóteo:
“Por este motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que
recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um
espírito de timidez, mas da fortaleza, de amor e de sabedoria. Não te
envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu
prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de
Deus” (2Tim 1,6-8).
Nos Atos do Apóstolos vemos São Lucas dizer que: “Em cada igreja
instituíram anciãos [bispos] e, após orações com jejuns,
encomendaram-nos ao Senhor em que tinham confiado” (At 14,23).
Vemos também São Paulo se despedir dos bispos de Éfeso, de
maneira emocionada, pedindo que eles cuidem do rebanho contra os lobos
hereges:
“Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito
Santo vos Constitui bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele
adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois da minha partida se
introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo
dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o
intento de arrebatarem após si os discípulos” (At 20,28-29).
Jesus escolheu os doze Apóstolos para dar início à Igreja,
porque a quis estruturada em uma hierarquia definida, como mostram os
Evangelhos:
“Ele escolheu doze” (Mc 3,13-16). Jesus lhes deu ordem e poder de
agirem como se fosse Ele mesmo: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos
rejeita a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”
(Lc 10,16).
Segundo o Concílio de Trento, os Apóstolos foram constituídos sacerdotes na última ceia. (DS, 1752[949]).
Além dos doze, Jesus chamou mais 72 colaboradores, com missão análoga
à dos Apóstolos. Os Atos dos Apóstolos mostram que Pedro e Paulo iam
instituindo presbíteros (epískopoi em grego) onde passavam para que
esses dirigissem a comunidade.
“Em cada igreja instituíram anciões e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em que tinham confiado” (At 14,23).
“Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e
estabeleceres anciãos em cada cidade, de acordo com as normas que te
tracei” (Tt 1,5).
“Os presbíteros que desempenham bem o encargo de presidir sejam
honrados com dupla remuneração, principalmente os que trabalham na
pregação e no ensino” (1 Tm 5,17).
Não havia “igrejas independentes” dos Apóstolos, como muitas são hoje
criadas. Os Apóstolos também instituíram diáconos que ocupavam um lugar
abaixo dos presbíteros.
“Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas
dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido
negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os doze convocaram uma
reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a
palavra de Deus para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós
sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria,
aos quais encarregaremos este ofício. Nós atenderemos sem cessar à
oração e ao ministério da palavra. Este parecer agradou a toda reunião.
Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Felipe,
Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Apresentaram-nos aos Apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos”
(At 6,1-6).
Enquanto os Apóstolos eram vivos, eles eram também os responsáveis
pelas comunidades cristãs; abaixo delas havia um colegiado de anciãos
(presbyteroi em grego) ou episkopoi (superintendente), e mais abaixo os
diáconos. No fim da vida dos Apóstolos, foi surgindo o “episcopado
monárquico”, sendo escolhido um presbítero que se tornava o pastor
estável da comunidade, com o título exclusivo de episkopos (=bispo),
enquanto os demais ficavam com o título de presbíteros. Assim, os bispos
são os sucessores dos Apóstolos. Cada um tem jurisdição apenas sobre a
sua diocese, enquanto o bispo de Roma, o Papa, que é sucessor direto de
São Pedro, tem jurisdição sobre a Igreja toda. Ele exerce, em nome de
Cristo, todo o poder na Igreja. Esta não é uma democracia.
A plenitude do sacerdócio de Cristo é conferida ao bispo. Ele pode
consagrar a Eucaristia e ordenar presbíteros. Esses não podem ordenar
outros presbíteros.
Nos primeiros séculos da Igreja, houve as diaconisas, mulheres
encarregadas da catequese e outras funções, mas não recebiam o
sacramento da Ordem, apenas uma bênção (sacramental) para exercer o
ministério.
Ministério dos sacerdotes
As funções mais importantes do sacerdote são:
a) Pregar a Palavra de Deus. O sacerdote exerce este ministério de
muitas formas: na homilia, dentro da Missa; na catequese; nas pregações;
meditações; retiros; aulas de formação, etc.
b) Administrar os Sacramentos; especialmente celebrar a Santa Missa, Confessar os fiéis, e ministrar a Unção dos Enfermos.
c) Levar o povo à santidade. Os sacerdotes são os pastores do rebanho
que o Senhor conquistou com o seu Sangue (cf. At 20,28) e têm a missão e
o dever de apascentar as ovelhas que lhe foram confiadas pelo bispo:
com a oração e a mortificação, ajudando-lhes em suas necessidades,
acompanhando-lhes nos momentos difíceis e com a insubstituível tarefa da
direção espiritual, para que possam ser tirados os obstáculos que lhes
impeçam de receber a graça de Deus.
d) Dirigir ao Senhor a oração oficial da Igreja através da oração da
Liturgia das Horas. Se todos os seres humanos devem rezar para honrar a
Deus e pedir-lhe por tantas necessidades, com maior motivo deve fazê-lo o
sacerdote. É um clamor que sobe continuamente da terra ao céu, de tal
modo que se pode dizer que durante as vinte e quatro horas do dia a
Igreja está rezando oficialmente, por meio de seus ministros.
No Antigo Testamento, Deus escolheu a tribo de Levi, uma das doze
tribos de Israel, para dela saírem os sacerdotes da antiga Aliança. Eram
muitos os sacerdotes, os ritos e os sacrifícios (Nm 3,11-13; Lv
1,27-34).
Jesus veio para – com o seu sacrifício – levar à plenitude os
sacrifícios da Antiga Aliança; por isso, Ele aboliu o sacerdócio
levítico e fez-se Ele mesmo o único Sacerdote da Nova e Eterna Aliança,
de acordo com Melquisedec, Rei e Sacerdote (Hb 7,1-10; 10,4-10). Como
único Sacerdote ofereceu um único sacrifício, oblação perfeita da sua
vida, da sua vontade entregues ao Pai. Até que Ele volte, quer continuar
o seu sacerdócio para aplicar os frutos da Redenção aos homens, através
dos ministros que Ele escolheu e escolhe. Estes participam do único e
mesmo sacerdócio de Jesus e oferecem o único sacrifício do Senhor na
cruz; agem como se fossem a mão e o braço de Jesus estendido através de
todos os séculos, para salvar todos os homens.
Retirado do livro “Ordem”- Coleção Sacramentos- Ed. Canção Nova
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