A Eucaristia é o cume e a fonte da Igreja, seu centro fundamental.
Tudo veio do Pai, tudo a Ele retorna como um cântico espiritual. Tudo
Nele ganha consistência. E este laço de amor trinitário se mostrou
visível na vida do Filho amado de Deus, a Verdadeira e Única Eucaristia
do Pai.
O padre De Lubac percebe que é válido ainda hoje o adágio da Igreja
antiga: “Lex orandi instituit Lex credendi” (A lei da oração constitui a
lei do crer), em palavras simples, a Igreja crê naquilo que ela reza e
como ela reza. Neste sentido, o padre De Lubac observa que quase todas
as orações eucarísticas antigas trazem sempre o sentido de uma dinâmica
ao seu interno, que pede que tanto o pão quanto o vinho
transubstanciados sejam a causa de nossa real transformação no Corpo de
Cristo, que é a Igreja. Esta intuição permitiu ao padre De Lubac
distinguir e aprofundar a própria noção de Eucaristia e de Igreja. A
Eucaristia, na compreensão da Igreja antiga era mais mística e
espiritual. O termo místico, que, naquela época não possuía o mesmo
significado que hoje lhe atribuímos, fazia ver a Eucaristia como um dom
autêntico de Deus, capaz de nos colocar em relação profunda com Deus.
Estes termos e conceitos do primeiro milênio tornavam possível
perceber o claro sentido e a função da Eucaristia, que era a de nos
conduzir para a nossa transformação, a transformação de nossa humanidade
no corpo de Cristo.
Ao vivermos mais uma quinta feira santa quando celebrarmos a
instituição da Eucaristia e do Sacerdócio é uma ocasião para
aprofundarmos ainda mais em nossa vida a comunhão com Cristo e com os
irmãos.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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