Quando tudo caminha bem, é fácil dizer
que confiamos no Senhor. Agora, quando fica mais evidente que “os
Planos de Deus não são os nossos”, a experiência pode ser muito difícil e
desconcertante a ponto de questionar-se inclusive a bondade do Senhor e
dos seus caminhos para nós. Nas dificuldades, olhar para a grama mais
verde do vizinho nem parece uma tentação, mas a saída para nossos
problemas. Onde entra Deus no meio disso tudo?
Uma resposta é dizer que as dificuldades
são provas que Deus permite para que cresçamos e demonstremos o nosso
amor a Ele. Não quero desmentir isso, no livro dos provérbios
encontramos uma famosa passagem que ilustra essa realidade: “A prata no
forno, o ouro no crisol, mas é Iahweh que prova o coração” (Prov 17, 3).
Ou ainda, o livro de Jó nos conta exatamente uma história de provação
da fé de um homem justo.
Mas como é possível viver essa provação
sem perder a fé em um Deus bondoso, Pai de amor e misericórdia? Mesmo
que não tenhamos essa resposta na ponta da língua, podemos olhar para os
exemplos de santidade e perceber que a perseverança na hora da provação
é uma constante na vida de cada um deles. Quantos santos não morreram
antes de renegar a sua fé, e quantos não sofreram durante muito tempo
uma doença que os fez crescer ainda mais no amor e no abandono confiado
nas mãos de Deus?
Uma outra pista que nos dá Jesus de que é
possível viver a fé, e uma fé alegre, mesmo em meio às dificuldades,
está nas chamadas bem-aventuranças encontradas nos evangelhos de Mateus e
de Lucas. Lá Jesus proclama alegres os perseguidos, os pobres, os que
sofrem por causa da justiça. Como pode ser isso? É algo que vai
totalmente contra a mentalidade mundana predominante. Como pode ser
feliz um pobre? Mas é o que Jesus diz.
Penso que o central em todas essas
realidades e o que nos permite perseverar na fé independentemente da
situação na qual nos encontremos é o encontro pessoal com Jesus. A
partir do encontro com a pessoa viva de Jesus, a perspectiva da vida
muda completamente. Esse encontro agora ilumina toda a realidade, faz
com que eu a veja com outros olhos, os de Deus. E esse novo olhar não
acaba com as dificuldades mas permite que vejamos como o amor triunfa
sobre todas elas. Os santos e os mártires são capazes do que fizeram
porque amaram ardentemente a Jesus. Em alguma medida cada um de nós
experimenta que o amor é muito poderoso. O amor de um pai por um filho
que sofre o faz capaz de muito para aliviar esse sofrimento. Quanto mais
nos move um amor intenso por Deus, mais nos faz capaz de tudo por amor.
A chave é o amor. No meio do sofrimento
somos chamados a amar com mais força, mas isso só vai ser possível se
realmente tivermos nos encontrado com aquele que é a fonte desse amor,
Jesus. Auxilia-nos muito pedir a intercessão de Maria, mãe de Jesus, que
como ninguém soube perseverar na fé em meio as dores. Com seu auxílio,
permaneceremos, como ela, de pé no momento da cruz.
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