Bispos pedem respeito pelas minorias católicas nos países do Leste

Termina em Quichinau (Moldova) um encontro dos episcopados europeus

Por Inma Álvarez

Quichinau, segunda-feira, 1º de março de 2010 (ZENIT.org).- “As palavras se convertem em fatos!”: com esta admoestação, terminou ontem o 10º encontro dos presidentes das conferências episcopais dos países do Sudeste europeu, em Quichinau (República da Moldova), sobre os direitos e deveres das minorias religiosas.

Neste encontro, estiveram presentes os representantes de 6 conferências episcopais (Albânia, Bósnia-Herzegóvina, Bulgária, Romênia, a Conferência Internacional de São Cirilo e São Metódio – que engloba os bispos da Macedônia, Montenegro e Sérvia – e Turquia), além do arcebispo maronita do Chipre e do bispo de Quichinau.

Também estiveram presentes o núncio na Romênia e na República da Moldova, Dom Francisco Javier Lozano, e o Observador Permanente da Santa Sé no Conselho da Europa, Dom Aldo Giordano.

O tema do encontro, realizado entre os dias 25 e 28 de fevereiro, foi a situação das minorias católicas nesses países. Segundo o comunicado final, divulgado hoje, os bispos sublinham que “ainda há muito por fazer” na questão do reconhecimento das minorias religiosas.

Apesar de terem transcorrido quase 20 anos desde a queda dos regimes totalitários e de terem sido assinados concordatas com a Santa Sé (exceto a Turquia), ainda não se chegou a um reconhecimento pleno dos direitos da minoria católica.

“Frequentemente, os acordos e/ou concordatas ficaram como carta branca e foi preciso lutar para colocá-los em prática. Portanto, o instrumento jurídico não significa automaticamente a justiça e a proteção dos direitos das minorias católicas”, sublinha o comunicado.

Em alguns casos, “várias comunidades nem sequer estão protegidas contra a própria violação dos direitos humanos, especialmente dos direitos ligados à liberdade de religião e os direitos institucionais das igrejas”.

Na maioria dos países, acrescentam os bispos, “um problema importante que continua existindo, não somente para os católicos, mas também para outras comunidades religiosas, é a restituição ou compensação dos bens nacionalizados durante a era comunista”.

Durante os trabalhos da reunião, esteve presente o próprio primeiro-ministro da Moldova, Vlad Filat, quem sublinhou o papel que a minoria católica deve representar na “reconstrução do tecido social e dos valores” do país.

Contribuir para o bem comum

Por outro lado, os bispos insistem em que a Igreja Católica, ainda em situação de minoria, “não sente menos o dever de contribuir para o bem comum e para o desenvolvimento integral das sociedades nas quais está presente”.

Esta contribuição se dá especialmente em duas áreas: na caritativa e na participação da Igreja nos debates sobre temas éticos.

“Em alguns países, busca-se frequentemente a participação e a intervenção da Igreja nos temas de debate público, de maneira que se possa debater sobre temas de natureza ética. O compromisso da Igreja ao serviço dos povos locais é somente a medição estatística da consciência de ser parte vida dos âmbitos nos quais cada dia os sacerdotes, religiosos e leigos empregam seus próprios recursos materiais e espirituais para que os povos das nações possam crescer e redescobrir, na solidariedade de todo o mundo católico, motivos de grande esperança.”

Nas conclusões, os bispos sublinham que a situação de minoria dos católicos constitui “um desafio a viver a fé de uma forma cada vez mais responsável”, procurando “resolver o problema da identidade religiosa e do pluralismo sem renunciar às verdades da nossa fé, e sim tornando-nos capazes de acolher tudo o que existe de positivo nos demais credos religiosos”.

“A atitude pluralista não torna as nossas convicções relativas, e sim retira delas o veneno do absolutismo e da intolerância”, sublinham.

Ao mesmo tempo, ser minoria constitui um compromisso, “o do fermento na massa. Trata-se de transformar, fazer crescer, fermentar, mas a partir de dentro, como testemunhas e mártires”.

O próximo encontro acontecerá de 3 a 6 de março de 2011, no Chipre, a convite do arcebispo maronita do Chipre, Dom Youssef Soueif.

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