Deus deseja que todos os homens se salvem

Artigo de Everth Queiroz Oliveira
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com

28.02.2010 - “Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a equidade, então ele viverá de certo, e não há de perecer.
Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.
Terei eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva?” (Livro de Ezequiel, 18, 21-23)

Diz São Paulo a Timóteo: “Deus, nosso Salvador (…) deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 3-4). São verdadeiras as palavras do Sacro Evangelho. Deus deseja a conversão do pecador, e não a sua ruína. “Não sinto prazer com a morte de quem quer que seja” (Ez 18, 32). O problema não está, então, na Misericórdia de Deus, que se compadece de todos os homens, mas na obstinação do pecador que, negando a reconhecer a autoridade divina, prefere satisfazer seus desejos carnais a praticar a vontade de Deus, escrita no coração de todos os homens. Em suma, se tem alguém que condena o homem é ele mesmo.

Deus é Misericórdia!”, clama constantemente o povo de Deus. É certo. Não negamo-lo. Aliás, a Bíblia, por diversas vezes, enfatiza passagens em que Deus, do alto de sua Bondade, se compadece da situação do homem. O livro do profeta Jonas é uma clara amostra da Misericórdia de Deus que socorre seu povo. Ele passou por Nínive, dizendo aos habitantes do lugar que a cidade seria destruída, caso eles não se arrependessem de seus pecados. E eis que o povo fez penitência, jejuou e se arrependeu. O que aconteceu, por fim? “Diante de uma tal atitude, vendo como renunciavam aos seus maus caminhos, Deus arrependeu-se do mal que resolvera fazer-lhes, e não o executou” (Jn 3, 10). Diante da conversão do pecador, a Misericórdia de Deus age.

O problema não está em falar que Deus é Misericórdia – o que é uma afirmação muito verdadeira -. O problema está em desconsiderar a Justiça Divina. Ou seja, é errado olharmos para a Misericórdia como uma forma de multiplicarmos as nossas faltas contra Deus. Diz ainda o profeta Ezequiel: “É segundo o vosso próprio proceder que julgarei cada um de vós” (Ez 18, 30). É, portanto, o homem, através do ato da sua vontade, que se salva ou se condena. Se se condena, é porque rejeita a graça de Deus; se se salva, é porque conta com ela. A graça a todos está disponível; mas nem todos se deixam guiar por ela. Como dizia Jesus, “muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos” (Mt 20, 16). Por isso, Deus deseja que todos os homens se salvem; mas nem todos Ele salva, porque nem todos buscam a salvação.

Misericórdia: é preciso que a compreendamos corretamente. Os espíritas amam negar a realidade do inferno se apoiando na ideia de Deus misericordioso. Como explicar um Deus bom e a existência do inferno? Voltamos à passagem do livro de Ezequiel: “Não desejo eu, antes, que ele [o pecador] mude de proceder e viva?” Deus não quer a morte do homem, mas se o homem insiste obstinadamente em trilhar os caminhos do pecado, cujos termos conduzem inevitavelmente à morte, então “ele perecerá”. Afinal, Deus não obriga ninguém a amá-Lo. Ele faz um convite ao homem. Expõe as consequências dos seus atos, mas deixa o homem entregue à própria decisão. É, portanto, o homem responsável por sua condenação, não Deus. De todas as formas se manifesta Deus ao homem para propor-lhe a conversão, mas a palavra final é nossa.

Por fim, há um comentário do livro do Apocalipse de São João que acho bastante oportuno para a ocasião. É o Senhor quem diz: “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3, 20). Deus não arromba a porta do nosso coração. Ele bate. Cabe a nós abrirmo-la. “Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa…” Atenção, diz o Senhor a Ezequiel, “convertei-vos!” (Ez 18, 30).

Estamos no tempo da Quaresma, período propício para essa conversão que Deus nos propõe. Para os cristãos que são tentados a pecarem uma vez mais, no pretexto de depois se arrependerem e alcançarem o perdão, oportuna é a observação de Santo Afonso de Ligório: “Se esta hora, se este momento, em que me apartasse de Deus, fosse o último para mim, de modo que já não restasse tempo para reparar a falta, que seria de mim na eternidade?” Tenhamos esse sentimento sempre em nosso coração e dificilmente pecaremos. Estejamos sempre diante do Senhor, observando com vigilância seus mandamentos; dificilmente transgrediremos sua Lei. Peçamos, enfim, à Maria Santíssima, Mãe de Misericórdia, que interceda por nós junto a Deus, para que nosso arrependimento e nossa confiança em Deus nos conduzam à Pátria Celeste.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

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