Quem pensa estar de pé veja que não caia

por Everth Queiroz Oliveira

“Todas estas desgraças lhes aconteceram para nosso exemplo; foram escritas para advertência nossa, para nós que tocamos o final dos tempos.
Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia.
Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela.”

(Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, 10, 11-13)

A Escritura diz que “[o] homem prudente percebe a aproximação do mal e se abriga, mas os imprudentes passam adiante e recebem o dano” (Pv 22, 3). Em matéria de castidade, a prudência é essencial. O homem que ora, freqüenta a Santa Missa e participa do Banquete da Eucaristia, mas não cuida de se afastar das ocasiões de perigo que levam ao pecado, dificilmente consegue conservar pura sua castidade. A graça sobrenatural só pode ser eficaz se a nossa vontade em servir a Deus nos faz desviarmos de tudo aquilo que d’Ele nos afasta.

O homem prudente, diz o livro dos Provérbios, percebe a aproximação do mal e se abriga. Aquele que quer guardar a castidade não arrisca; se previne, antes. “[L]ibertamo-nos mais facilmente dos atrativos do pecado e das seduções das paixões, fugindo com todas as forças, do que atacando de frente” (Papa Pio XII, Sacra Virginitas, 52). Aquele que, ao invés de se prevenir, avança imprudentemente para mares perigosos, acaba por perecer. Diz ainda uma máxima evangélica: Quem ama o perigo nele perecerá.

João XXIII também falou sobre a necessidade da prudência, especialmente quanto aos espetáculos cinematográficos: “Temos todavia que deplorar com amargura os perigos e danos morais, que não raro provocam os espetáculos cinematográficos e as transmissões radiofônicas e televisivas, lesando a moral cristã e até a própria dignidade humana” (Boni Pastoris, § 6). É preciso tomar muito cuidado com o que contemplamos com os nossos olhos. Santa Teresa d’Ávila diz que os olhos são as janelas da alma. Santo Agostinho afirma: “Não digais que tendes almas puras se tendes olhos impuros, porque os olhos impuros são mensageiros dum coração impuro”. É preciso, portanto, guardar-se.

Chegamos, por fim, à segunda leitura da Missa de hoje: Quem pensa estar de pé veja que não caia. Quem está de pé, se cuide. Já dizia São Pedro que “o demônio anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1 Pd 5, 8). É preciso estar de pé, mas sustentado por Deus, através da oração, da mortificação cristã, da Eucaristia, da devoção à Maria e da fuga das ocasiões de pecado. Aquele que quer guardar a castidade mas não se apega aos meios naturais e sobrenaturais para preservá-la acaba caindo. Santo Tomás de Aquino diz que ser tentado é humano, mas consentir é ter parte com o diabo. Verdade que precisa ser repetida para nós no dia de hoje. Devemos preferir mil vezes morrer a ofender a virtude da castidade presente em nós.

E quantas vezes somos imprudentes! Quantas vezes Deus se oferece a nós para que possamos vencer as tentações, mas nós rejeitamos o seu apelo e trilhamos pelo caminho do mal. Quantas vezes agimos assim e, no fim, acabamos por pecar. Quantas vezes confiamos em nós mesmos e caímos, consentindo no pecado mortal! “Viva o Senhor e bendito seja o meu rochedo! Exaltado seja Deus, rocha que me salva!” (2 Sm 22, 47). Quem está de pé, confiando em si mesmo, facilmente cairá. Quem, contudo, edifica sua castidade em Deus, nada precisa temer.

Peçamos à Virgem Santíssima que nos guarde e nos preserve puros na fé católica. Que ela nos ajude a viver a castidade, intercedendo junto a Deus por cada um de nós, servos seus.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

Nenhum comentário:

Postar um comentário