O milagre, por sua vez, manifesta-se precisamente como um acontecimento que se distingue do habitual desenvolvimento da realidade. Possui características particulares. Nas causas dos santos, geralmente, são as curas, os milagres que o Discatério examina; e isso porque elas são acessíveis ao controle dos sentidos. Devem-se à intervenção de Deus por meio da intercessão de um servo d’Ele.
Na prática da Congregação, antes de o Papa declarar que um fato é milagroso, todo o processo é estudado de forma científica. Nesta fase, os médicos, singularmente e de forma colegial, são chamados a esclarecer se uma determinada cura é realmente inexplicável à luz da ciência médica atual. Para que uma cura possa ser considerada miraculosa tem de se constatar cientificamente que esta foi instantânea, completa e duradoura (p. 97).
Aqui entramos no mistério de Deus. Nós não conhecemos os planos d’Ele na escolha de quem será atendido. Conceder uma graça ou uma cura é um ato livre do Senhor. Ele pede-nos total confiança. Na documentação para o estudo de um milagre nota-se, com frequência, que Deus, por intermédio de um venerável ou de um beato, concede a sua própria intervenção a favor de pessoas dispostas a receber o dom da cura e sobretudo intencionadas a cumprir a Sua vontade: «Pedi e recebereis, batei à porta e ser-vos-á aberta», diz o Evangelho. A fé não só faz aderir à vontade do Todo-poderoso, mas é uma tensão viva do homem para entrar no mistério divino.
(Trecho extraído do livro “Como se faz um santo” de Cardeal Saraiva Martins; págs. 99-100)
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