Em uma entrevista concedida ao jornal liberal Il Foglio, dirigido pelo agnóstico Giuliano Ferrara, o Cardeal assinalou que "em minha opinião a campanha difamatória contra a Igreja católica e o Papa executada pelos meios de comunicação é parte da estratégia que está sendo executada há séculos e que Friedrich Nietzsche já teorizava com o gosto dos detalhes".
O Cardeal indica na entrevista comentada pelo vaticanista Sandro Magister que para "Nietzsche o ataque decisivo ao cristianismo não pode ser realizado no plano da verdade mas no da ética cristã, que seria inimizade da alegria de viver".
Então, prossegue, "queria perguntar a quem lança os escândalos de pedofilia principalmente contra a Igreja Católica, possivelmente mencionando o celibato dos sacerdotes: não seria possivelmente mais honesto e realista reconhecer que certamente estas e outras separações ligadas à sensualidade acompanham toda a história do gênero humano, mas também que em nosso tempo estas separações são ulteriormente estimuladas pela tão aclamada ‘liberação sexual’?"
O Cardeal Ruini indica logo que "quando a exaltação da sexualidade invade todo espaço da vida e quando se reivindica a autonomia do instinto sexual de todo tipo de critério moral, torna-se difícil explicar que determinados abusos são absolutamente condenáveis".
Em realidade, precisa, "a sexualidade humana desde seu início não é simplesmente instintiva, não é idêntica à dos animais. É, como todo o homem, uma sexualidade 'impregnada' com a razão e com a moral, que pode ser vivida humanamente, e fazer verdadeiramente feliz, somente se é vivida deste modo".
Este extrato da entrevista é citado por Sandro Magister em seu comentário "Gênese de um delito. A revolução dos anos Sessenta", sobre a carta pastoral do Papa Bento XVI aos católicos da Irlanda.
Nele, Magister assinala que "o escândalo da pedofilia existiu sempre, mas o giro cultural de meio século atrás o fez aumentar. Isso escreve Bento XVI em sua carta aos católicos da Irlanda".
O vaticanista italiano explica a seriedade e rigorosidade com a que o Santo Padre tratou este tema: estabelecendo um ano completo de penitencia para a Igreja na Irlanda, adoração constante ao Santíssimo, visitas apostólicas a diversas dioceses e congregações, assim como um ano de missão para todos os sacerdotes e religiosos.
"Quanto aos acusadores de primeira fila, os mais armados de pedras contra a Igreja, nenhum deles está sem pecado. Para quem exalta a sensualidade como instinto puro, livre de todo vínculo, é difícil que logo possa condenar cada abuso que se desprenda disto", assinala.
Para Magister, "a tragédia de alguns sacerdotes e religiosos, escreveu Bento XVI na carta, foi também a de acreditar em ‘modos de pensar’ similares, muito difundidos, que chegam a justificar o injustificável".
"Um abrandamento que não se pode imputar a Ratzinger, bispo e Papa, nem sequer pelo mais enfurecido de seus adversários, se é que é honesto", conclui.
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