Vaticano, 15 Jan. 15 / 01:47 pm (ACI).-
No voo que o levou do Sri Lanka às Filipinas, no marco de sua visita a
Ásia, o Papa Francisco respondeu a uma série de perguntas dos jornalista
a bordo. Uma destas perguntas foi referente ao recente massacre contra
caricaturistas da revista satírica francesa Charlie Hebdo.
No dia 7 de janeiro, um grupo de terroristas identificados como
extremistas islâmicos ingressou com armas aos escritórios da Charlie
Hebdo em Paris (França) e acabou com as vidas de 12 pessoas, entre
caricaturistas e autoridades policiais.
O atentado teria sido em resposta às ofensivas caricaturas que Charlie
Hebdo difundiu sobre o Islã.
Em suas distintas edições, a revista francesa se burlou ofensivamente
de políticos e inclusive da Igreja Católica, de seus pastores, da Virgem
Maria e da Santíssima Trindade.
Consultado sobre o caso e sua relação com a liberdade de expressão por
um jornalista francês a bordo do avião, o Papa Francisco assinalou que
“não se deve provocar”.
“Não se pode insultar a fé de outros. Não se pode caçoar da fé”.
Entretanto, advertiu, “não se pode matar em nome de Deus”.
“Todos nós temos não só a liberdade, mas o direito e também a obrigação
de dizer o que pensamos para ajudar a construir o bem comum”, disse o
Papa.
“Temos a obrigação de livremente gozar desta liberdade, mas sem
ofender”.
“Matar em nome de Deus é uma aberração contra Deus. Penso que isto é o
mais importante sobre a liberdade religiosa. Pode-se praticar (cada um a
sua religião) com liberdade, mas sem impor ou matar”.
Francisco disse aos jornalistas que “não se pode ofender ou fazer a
guerra, matar em nome de sua religião, que é em nome de Deus”.
Mas se a liberdade de expressão é usada para ofender, advertiu, é
possível que haja uma reação.
Francisco usou o exemplo do Dr. Alberto Gasbarri, o organizador das
viagens papais, que estava junto dele durante a conferência de imprensa.
“É verdade que ele não pode reagir violentamente. Mas, se o Dr.
Gasbarri, meu grande amigo, diz algo contra minha mãe, pode esperar um
golpe. É normal”. Aqueles que “giocatalizzano” ou “fazem um brinquedo da
religião de outros… estão provocando”, prosseguiu.
“E o que pode acontecer é o que disse sobre o Dr. Gasbarri se disser
algo sobre minha mãe. Há um limite”.
O Santo Padre reiterou que “toda religião tem dignidade, toda religião
que respeita a vida humana e a pessoa humana e não pode ser caçoada. E
este é um limite”.
“Eu usei este exemplo do limite para dizer que na liberdade de
expressão há limites”, explicou.
Sobre a liberdade religiosa, Francisco disse que “não se pode ocultar a
verdade. Todos têm o direito a praticar sua religião, sua própria
religião, sem ofender, livremente. E isso é o que fazemos, é o que todos
queremos fazer”.
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