VATICANO, 13 Mai. 15 / 02:38 pm (ACI/EWTN Noticias).-
Nesta quarta-feira, Festa da Virgem de Fátima, o Papa Francisco iniciou em sua Audiência Geral uma série de reflexões “sobre a vida
cotidiana das famílias, sua vida real, com seus tempos e seus
acontecimentos”, começando com as três palavras-chave para alcançar a
boa convivência familiar: com licença, obrigado e desculpas.
Diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Santo Padre disse:
“Estas três palavras são uma porta de entrada à boa convivência”.
O Pontífice assegurou: “Estas palavras abrem o caminho para viver bem na
família e em paz. São palavras simples, mas ao mesmo tempo difíceis de
colocar na prática. E quando não são usadas, pode-se abrir ‘rachaduras’
que levam as famílias a ‘desmoronar’.
“Um grande bispo, São Francisco de Sales, costumava dizer que 'a boa
educação é já meia santidade'”. “Mas atenção”, advertiu, porque “na
história conhecemos também um formalismo das boas maneiras que pode
converter-se em uma máscara que esconde a tristeza da alma e o
desinteresse pelo próximo”.
O Papa Francisco recordou o provérbio “Por trás das boas maneiras
escondem-se maus hábitos”. E “nem mesmo a religião está isenta deste
risco, que faz com que a observância formal deslize em uma mundanidade
espiritual”.
“O diabo, que tentou Jesus, se caracteriza por suas boas maneiras, é um
senhor, um cavalheiro, e versado nas Sagradas Escrituras. Parece um
teólogo. Seu estilo parece correto, mas seu objetivo era desviá-lo da
verdade do amor de Deus. Entendemos que a boa educação deve ser
compreendida nos seus termos autênticos: o estilo das relações deve ser
profundamente radicado no amor ao bem e no respeito ao outro. A família
vive da ‘fineza’ de se querer bem”.
A seguir o Papa meditou sobre as três palavras:
Licença: “Quando nos preocupamos de pedir com gentileza também aquilo
que possivelmente pensamos poder pretender, colocamos uma verdadeira
‘barreira’ no espírito da vida matrimonial e familiar. Entrar na vida do
outro, mesmo que faça parte da nossa, requer a delicadeza de um
comportamento não invasivo”.
“A intimidade não autoriza a dar tudo por conforme. Quanto mais íntimo e
profundo o amor, mais exige respeito à liberdade e à capacidade de
aguardar que o outro abra as portas de seu coração”.
O Santo Padre concluiu esta palavra afirmando: “Jesus também pede licença para entrar” e não podemos esquecer deste gesto.
Obrigado: “Às vezes achamos que estamos nos convertendo em uma
civilização de más maneiras e más palavras, como se isto fosse um sinal
de emancipação. A gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como
um sinal de fraqueza e às vezes despertam inclusive a desconfiança”,
ressaltou o Papa Francisco.
“Esta tendência deve ser contrastada no centro da família. Sejamos
intransigentes na educação à gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça
social passam por aqui. Se a vida familiar subestima esse estilo, a
vida social também o perderá. A gratidão, para quem crê, está no coração
da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a
linguagem de Deus”, repetiu duas vezes o Pontífice.
Improvisando, o Papa revelou ter conhecido uma senhora de muita
‘sabedoria’, que dizia que “a gratidão é uma planta que cresce somente
na terra de pessoas de alma nobre”. Essa graça de Deus na alma nos
impulsa a dizer obrigado”.
Desculpa: Francisco indicou: “É uma palavra difícil, é verdade, mas
necessária”. “Quando falta, as pequenas rachaduras se ampliam e terminam
transformando-se em profundos buracos”.
O Papa mencionou: “A oração do Pai Nosso resume todas as perguntas
existenciais para nossa vida” na qual se pede: Perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
“O fato de reconhecer ter uma falha é de alguma maneira desejar
restabelecer aquilo que faltou -respeito, sinceridade, amor- e querer
ser perdoado. E assim se detém a infecção, mas se não somos capazes de
pedir desculpas, não seremos capazes de perdoar”.
Por isso, “nas casas aonde não se pede desculpas, falta ar e feridas
começam a se abrir. Também na vida do casal briga-se muitas vezes, mas o
conselho do Papa é sempre o mesmo: nunca terminar o dia sem fazer as
pazes”.
O Pontífice, deixando de lado os papéis do discurso, disse: “Os esposos
brigaram? Os filhos discutiram com os pais? Isto não está bem, mas este
não é o problema. O problema é que este sentimento permaneça no dia
seguinte. A cada discussão, nunca deixem de fazer as pazes. 'E o que
devo fazer? Colocar-me de joelhos?' Não, para isso é suficiente um
pequeno gesto; pode ser até um carinho, sem palavras…” Não é fácil, mas
assim deveria ser para que a família seja mais bonita”.
Concluindo, Francisco reiterou que “estas três palavras são tão simples
que até podem fazer as pessoas sorrirem, mas quando as esquecemos, não é
nada divertido”.
“Que o Senhor nos ajude a colocá-las no lugar certo, no nosso coração,
em nossas casas e também na convivência civil”, completou.
Fazendo uma homenagem a Nossa Senhora de Fátima, o Papa pediu ao seu
leitor para o idioma português que rezasse na nossa língua uma
Ave-Maria.
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