Fomos criados para viver o amor, pois o nosso Criador é Amor. Sem
ele, o homem e a mulher não podem ser felizes. Mas, afinal, o que é
amar?
O que leva muitos casamentos ao fracasso é a noção falsa que se tem
do amor hoje. Há no ar uma “caricatura” do amor. Se eu lhe der uma nota
de cem reais falsa, você não aceitará, pois ela não vale nada, e você
ainda poderia ser incriminado por causa dela.
Se você construir uma casa usando cimento falsificado, cuidado porque
ela poderá desabar sobre a sua cabeça. Da mesma forma, se você levar
para o casamento um amor falso, ele certamente desabará, pois o
“cimento” da união é o amor.
É preocupante o conceito de amor que está se instaurando na
mentalidade dos homens e mulheres. Infelizmente, parece que a cultura do
descartável está entrando nas relações humanas. É preciso parar e
refletir: Como estou levando meus relacionamentos? Será que amo de
verdade? Qual é o verdadeiro sentido do amor?
Pois bem, para mostrar bem claro o que é amar, vamos iniciar
mostrando o que não é amar. Pare um instante diante de sua vida e faça
conosco essa reflexão:
Amor não é egoísmo, isto é, preferência por mim, mas pelo outro. Se
você come uma fruta “com gosto”, não pode dizer que a ama. Se você treme
de paixão diante de uma menina e lhe diz: “eu te amo”, esteja certo de
que você está mentindo, pois essa tremedeira é sinal de que você quer
saciar o seu ego desejoso de prazer. Isso não é amor, é paixão carnal, é
egoísmo.
Se você está encantada com a beleza dele e se desdobra em declarar o
seu amor por ele, saiba que isso também não é ainda amor, pois amor não é
pura emoção ou sentimento.
Amar é muito mais do que isso, pois não é satisfazer a si mesmo, mas
ao outro. Quando você disser a alguém “eu te amo”, esteja certo de que
você não quer a sua própria satisfação ou felicidade, mas a do outro.
Cuidado com as “caricaturas” do amor, porque estas são falsas e não
podem fazer a felicidade do casal. Todo jovem tem sede de amar, mas,
muitas vezes, o seu amor é mascarado e se apresenta falso e perigoso.
Amar não é apoderar-se do outro para satisfazer-se; é o contrário, é
dar-se ao outro para completá-lo. É dizer não para si mesmo para dizer
sim ao outro. E para isso é preciso que você renuncie a si mesmo,
esqueça-se de si mesmo. Você corre o risco de, insatisfeito, querer
apaixonadamente agarrar aquilo que lhe falta; e isso não é amar. Assim o
amor morre em suas mãos.
Você só começará a compreender o que é amar quando a sua vontade de
fazer o bem ao outro for maior do que a sua necessidade de tomá-lo só
para si, para se satisfazer.
As paixões sensíveis da adolescência não são o autêntico amor, mas a
perturbação de um jovem que encontra diante de si os encantos e a
novidade da masculinidade ou da feminilidade.
É fácil entender que aqueles que quiserem construir um lar sobre esse
chão de emoções estarão construindo uma casa sobre a areia. Muitos
casamentos desabaram porque foram realizados “às cegas”, sem preparação
para que houvesse harmonia, sem o aprendizado do amor.
“Amar é dar-se”, ensina-nos Michel Quoist. É dar a si mesmo ao outro
para completá-lo e construi-lo. Mas para que você possa verdadeiramente
dar-se a alguém, você precisa primeiro “possuir-se”. Ninguém pode dar o
que não possui. Se você não se possui, se não tem o domínio de si mesmo,
como, então, você quer dar-se a alguém?
Se o seu coração bate acelerado diante de alguém que o atrai, isso é
sensibilidade, não chame ainda de amor. Se você perdeu o controle e se
entregou a ele, isso é fraqueza, não chame isso ainda de amor. Se você
está encantada com a cultura dele, fascinada pela sua bela carreira e já
não consegue mais ficar sem a conversa dele, isso é admiração, ainda
não é amor.namoro
Mesmo que você esteja, até às lágrimas, diante de um fato chocante,
isso é mais sensibilidade do que amor. Amar não é “ser fisgado” por
alguém, “possuir” alguém ou ter afeição sensível por ele, ou mesmo
render-se a alguém. Amar é, livre e conscientemente, dar-se a alguém
para completá-lo e construi-lo. E isso é mais do que um impulso sensível
do coração; é uma decisão da razão. Por isso, amar é um longo
aprendizado, não é uma aventura como a maioria pensa.
Não se aprende a amar trocando a cada dia de parceiro, mas aprendendo
a respeitá-lo, tanto no corpo quanto na alma. Amar é uma decisão. E a
decisão não é tomada apenas com o coração, empurrado pela sensibilidade.
A decisão é tomada com a razão.
Vemos hoje, em muitas redes sociais, muitos casais postando mil
declarações de amor eterno num dia, e no outro, postarem coisas
totalmente contrárias. Quer dizer que um dia eu amo e no outro não amo
mais? Que amor é esse? Não há problemas em declarar o amor publicamente,
no entanto, mais importante que demonstrar o amor em palavras, é
fazê-lo em atos, é viver, de fato, o amor.
Quando amamos de verdade, nos tornamos livres de fato, pois o amor
nos liberta de nós mesmos e das coisas que nos amarram. Amar não é
querer alguém construído, mas construir alguém querido.
Professor Felipe Aquino
Nenhum comentário:
Postar um comentário