Greve de fome em Cuba, mais um no limite da vida

Fonte: Blog Prof. Felipe Aquino
O cubano Guillermo Fariñas foi combatente em Angola e foi fiel ao regime comunista; mas agora se transformou em dissidente e está na 23ª greve de fome contra abusos do regime de Fidel Castro e seu irmão Raul, onde o povo não tem liberdade e há mais de 50 anos não sabe o que é eleição. Ele disse que desta vez vai até o fim com a greve de fome, vai até a morte.


Ele repete as palavras do seu ex-colega de greve de fome que morreu no mês passado: “morrer pela liberdade e pela democracia é viver eternamente”, dizia o pedreiro Orlando Zapata, com a força interior que nos momentos de trevas brilha em certas consciências, como um farol que salva a humanidade.


Guilhermo foi fiel ao regime cubano e como o pai lutou no Congo com Che Guevara, foi militante da União de Jovens Comunistas e soldado das Forças Armadas, e em 1981, combateu em Angola. Ganhou duas medalhas por bravura e o direito de aprimorar seu treinamento na União Soviética. Começou aí o despertar de sua consciência. Desolação, corrupção e incompetência grassavam no país que o regime cubano queria imitar. De volta a Havana, ele denunciou diretores de um hospital que desviavam lençóis e leite em pó das crianças. Foi preso. Em 1989, quando o general Arnaldo Ochoa foi fuzilado sob acusação de tráfico de drogas em um processo sumário até hoje misterioso, Fariñas discordou e caiu em desgraça no Partido. Em busca de uma nova carreira, formou-se em antropologia e psicologia. Fundou uma agência de notícias independente, a Cubanacán, e começou a escrever textos para o exterior.


Orlando Zapata morreu há duas semanas, depois de 85 dias de greve de fome. Enquanto a família velava o morto e a polícia prendia mais de 100 cidadãos preventivamente para evitar protestos, cinco dissidentes – quatro deles presos políticos – iniciaram greves de fome como homenagem póstuma ao companheiro tombado. Temendo novas mortes, os mais influentes membros da oposição democrática ao regime comunista lançaram uma campanha para demovê-los da idéia. Quatro acataram os argumentos, mas Guillermo Fariñas, o “Coco” (careca), vai continuar.

Ele pede a libertação de duas dezenas de presos políticos com problemas de saúde. Na quarta-feira 3/3/2010, quando completava oito dias sem água nem comida, Fariñas, 48 anos, desmaiou e foi internado. Recebeu 4 litros de soro. Ao retomar a consciência, pediu que os tubos fossem arrancados, do mesmo jeito que já fizera outras tantas vezes, em suas 22 greves de fome anteriores. Negou-se a comer e foi expulso do hospital.

Em pele e osso apenas, ele diz: “Quero morrer”, disse ele. “Há momentos na história em que é preciso haver mártires.”

Fariñas transformou-se numa denúncia ambulante que nem os de olhos bem fechados podem fingir que não enxergam. Em 1997, iniciou a primeira das 23 greves de fome que transformaram seu corpo em pele sobre ossos dolorosamente protuberantes. A penúltima delas foi pelo prosaico direito de acessar a internet. Em sete meses de protestos perdeu 30 quilos e acabou numa cadeira de rodas. “Irei até o fim”, diz agora. Como as pessoas honradas o ajudarão?

Depois de tanto sofrimento e vidas oferecidas em holocausto, não é possível que a liberdade não chegue a Cuba; vamos rezar. Onde estão os países “desenvolvidos” que silenciam diante da morte de seres que se oferecem ao “martírio” para dar liberdade a todos? Até o nosso Presidente passou por Cuba e fez de conta que nada viu…

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