O casal precisa entender que os conflitos com a chegada dos filhos não são mais fortes que o casamento
Coisa maravilhosa é ver um casal jovem recebendo a notícia de que irá
se tornar pai e mãe. Quanta alegria! Quantas emoções misturadas de
amor, medo, ansiedade e gratidão! Um momento marcante na história da
família. E realmente, ter filhos é uma das maiores graças que uma pessoa
pode ter. Um verdadeiro presente de Deus, que vai inaugurar uma nova
fase (muito diferente) na vida do casal. Mas é preciso encarar a
realidade: o início dessa nova fase será de crise importante no
relacionamento matrimonial. Mas muitos casais, infelizmente, não
sobrevivem a isso.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A chegada do filho gera uma imensa mudança na rotina da família.
Horários, comida, lazer, vida sexual, corpo… Tudo é afetado. Nos
primeiros meses, a mãe é sugada pelo relacionamento com o recém-nascido,
e sua atenção e carinho estão totalmente voltados para o bebê. Com
isso, o esposo sofre a falta de sua companheira, há a sensação de
abandono associado à luta para aprender a cuidar de um ser tão pequeno e
frágil.
A vida sexual, muitas vezes, torna-se um evento raro, e a mulher
sofre os efeitos de ter um envolvimento afetivo tão intenso com a
criança; o desejo reduz drasticamente, o cansaço é quase incapacitante e
a autoestima está abalada pelas transformações no próprio corpo. Com
isso, o vínculo de intimidade do casal é fragilizado, gerando
dificuldades no diálogo e na tolerância nas dificuldades do dia a dia.
Para contornar tudo isso, é muito importante se preparar para esse
momento. O diálogo durante a gravidez ajuda muito a fortalecer o
companheirismo e a intimidade. É importante conhecer bem o que cada um
espera do outro, quais são seus conceitos do que é ser pai e mãe.
Partilhar quais regras de criação e educação cada um acha importante
estabelecer. Buscar livros que falem dessa fase, para que os dois se
preparem para o que enfrentarão.
O planejamento de estratégias para diminuir a imensa carga de tarefas
no pós-parto também ajuda: buscar alguém para contribuir na
limpeza/cozinha; dividir as tarefas entre marido e mulher; ter pessoas
de confiança para cuidar do bebê (mesmo que só por alguns minutos para
que a mãe possa tomar banho ou tirar uma soneca!).
O mais importante é o homem e a mulher entenderem um conceito
familiar: o vínculo afetivo mais importante na vida matrimonial é o
casamento. Parece até estranho falar isso, mas os filhos são
passageiros. Eles entram na vida do casal, “bebem” de sua vida e amor, e
depois saem para construir suas próprias vidas de adultos. O amor mais
saudável que o filho pode receber não é o que vem da mãe ou do pai, mas
sim o que ele absorve vendo o amor entre eles, entre marido e mulher.
Entendendo isso, o casal vai poder viver essa fase difícil com a certeza de que ela vai passar,
e de que retornarão a ter um no outro o carinho e a intimidade de que
precisam. A vida sexual é muito importante para ajudar nessa
redescoberta do amor matrimonial. Com os filhos, a família muda de fase e
nunca mais será a mesma. Mas se o casal mantém como prioridade a vida a
dois, eles se reencontrarão em um novo equilíbrio, ainda melhor do que
era antes.
Esse é um assunto tão importante, que conversaremos mais sobre isso em breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário